Amor Ilimitado - A dor de Amar Demais

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

MAS JÁ É TARDE! Depoimento de Ana Maria C.Bruni

Mas já é tarde

Primeiro estupraram uma mulher
Mas eu não me importei com isso
Eu não era a vítima.

Em seguida agrediram outras
Mas eu não me importei com isso
Eu não era como elas

Logo estavam perseguindo outras mais
E eu não disse nada
Eu não vivia como elas

Em seguida abusaram sexualmente de menores
Mas eu não importei com isso
Elas não eram minhas conhecidas

Depois prenderam várias mulheres
Mas eu não me importei com isso
Porque não sou como elas

Em seguida difamaram outras
Mas eu não me importei com isso
Não era relacionado à minha vida
Também não me importei

Depois escutei seus gritos de socorro
Mas eu não me importei também com isso
Fingi que não os ouvi

Em seguida torturaram inocentes
Mas também não me importei
Estas situações acontecem com as outras

Agora estão me estuprando
Agora estão me agredindo
Agora me perseguem
Agora estão querendo me prender
Agora estão me difamando
Agora estão querendo calar a minha voz

Mas já é tarde
Como eu não me importei com as outras mulheres,
Não sobrou nenhuma para se importar comigo.

Ana Maria C. Bruni
www.territoriomulher.com.br

28 de Novembro de 2007 13:37

3 comentários:

Paulo Pavesi disse...

Vera Mattos, parabéns pela nota publicada. Acompanho o caso da amiga Ana de Itacaré e as violências por ela sofrida, que não são poucas. Além do problema que ela vivencia, ela sofreu a violência do descaso, do desamparo das autoridades e das ameaças - que hoje são feitas com a ajuda de tribunais - onde processos a empurram para as grades.

Tudo o que Ana vive hoje é exatamente como aconteceu comigo, em relação ao meu filho, vítima de homicídio e tráfico de órgãos.

As leis Maria da Penha, e de transplantes ficaram muito bonitas nas páginas de intenções. Mas na prática, não servem em nada.

Nesta semana, estava no aeroporto de Brasília e lá havia um cartaz sobre a lei Maria da Penha, ressaltando alguns resultados. Mas quando vejo a Ana batalhando para ter seus direitos reconhecidos, penso que o cartaz é tal qual está na parede: fixo e sem vida.

Por sorte, mulheres como você e a Ana ainda estão alerta e não vendem suas dignidades por preço algum.

Vamos em frente!!!!!!!!!!

Laura disse...

Olá adorei!
sou amiga Da Ana Maria e de fato todo sofrimento que nós mulheres passamos muitas vezes passa despercebido pela "Sociedade"
Acabam por nos julgar,
E extremamente importante q nós mulheres nos unimos cada vez mais,e não julguemos as outras
grande abraço de VITORIA
Laura Guedes

Gilda Daudt disse...

Prezada Vera:

Realmente sua matéria publicada sôbre a violência contra as mulheres foi notável! Venho acompanhando o caso da Ana Maria Bruni com muita tristeza e indignação. Acho um absurdo o que fazem com ela em Itacaré, o descaso da polícia de lá que é sabidamente muito ruim, a desproteção total em que ela se encontra a tal ponto que o filho dela precisou largar toda a sua vida no Rio de Janeiro para proteger sua mãe, função essa que deveria ser da polícia. Um rapaz sério, trabalhador, do bem, interrompendo sua vida, sua carreira e ainda por cima foi agredido pelo ex-marido da vítima. Estamos sofrendo uma crise moral muito grande neste país, em todos os sentidos e precisamos de pessoas como você Vera para denunciar esses abusos que não tem fim neste nosso Brasil que a gente tanto ama. Solidarizo-me com a Ana Maria e com todas as mulheres que diariamente sofrem a covardia de determinados sujeitos sem escrúpulos, sem dignidade, sem moral e sem Deus.
Contem com meu apoio e fica registrado aqui o meu desabafo contra qualquer tipo de tortura.
Mulheres vamos nos unir, nós somos geradoras, mães, trabalhadoras, esposas, estamos sempre cuidando do bem estar da família e merecemos respeito!