O reconhecimento de que o trabalho não-remunerado  realizado pelas mulheres deve ser considerado fator de garantia do direito ao  benefício previdenciário é o principal tema em discussão no Seminário Nacional  sobre Seguridade Social e as Mulheres. 
Promovido por diversos movimentos  sociais de defesa dos direitos das mulheres, o evento foi realizado em Brasília.  Cerca de 50 representantes de vários estados estão reunidas no encontro para  debater formas de ampliar a inclusão das mulheres no sistema previdenciário  especial, que concede benefícios para categorias que não contribuem para o  Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
Umas das coordenadoras da  Marcha Mundial das Mulheres e do Fórum Itinerante e Paralelo sobre Previdência  Social, Isabel Freitas defende que o governo precisa reconhecer a função social  das mulheres na sociedade. Segundo ela, se o trabalho não-remunerado das  mulheres fosse contabilizado economicamente, representaria algo em torno de 13%  do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no  país). 
"Queremos o reconhecimento por esse trabalho, da dona-de-casa, da  doméstica, da artesã, da extrativista, e que a Previdência seja universal e  todos tenham direito", disse. "A nossa luta é para que o governo brasileiro, que  diz que o país está em um momento excelente, crescendo, com as riquezas se  consolidando, tome consciência e organize um sistema de Previdência que cubra  todas as pessoas", completou. 
A secretária executiva da Articulação das  Mulheres Brasileiras (AMB), Sílvia Camurça, também acha que a Previdência no  Brasil deveria considerar o trabalho realizado pelas mulheres. "O principal  problema é que a Previdência foi um sistema pensado como se apenas os homens  trabalhassem. Ele tem uma concepção contributiva, ou seja, pagar para poder  receber o benefício", argumenta. 
"Nós mulheres, historicamente, fazemos  trabalhos sem remuneração. Aquele para a própria família, doméstico, cuidar da  criança, de quem está doente e, muitas vezes, somos dependentes economicamente e  não temos como pagar a Previdência", ressalta. "Não contribuímos, mas  trabalhamos. Muitas vezes, desde muito cedo. Em alguns casos, as meninas começam  a trabalhar em casa, cuidando dos irmãos menores, para que a mãe possa trabalhar  fora." 
Sílvia Camurça enfatiza que "apenas um sistema previdenciário  universal, em que todo mundo que trabalhe possa ter direito ao benefício,  atenderia às mulheres". "Aquela que trabalha em casa, sem remuneração, tem que  ter o direito de receber o auxílio-doença caso se acidente e fique sem condições  de realizar suas atividades", acrescenta. 
A gerente de Projetos da Área  de Gênero e Trabalho da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,  Eunice Léa de Moraes, afirma que ainda há uma grande dificuldade para as  mulheres serem atendidas pela Previdência Social. "A maioria das mulheres está  no mercado informal. Então, a renda que elas têm vêm da informalidade e é muito  difícil contribuir mensalmente. Por isso, elas estão fora [do sistema  previdenciário]". 
Para ela, é importante discutir a inclusão e a  universalização da Previdência, "para que ela não seja apenas contributiva mas,  na verdade, assegure os direitos das mulheres em sua maioria".
Segunda-feira, 04 de Agosto de 2008
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